segunda-feira, 5 de abril de 2010

Ela

Ela queria fugir até que quando tentou percebeu que não tinha pra onde ir. Não tinha a quem recorrer. Talvez fosse culpa dela; talvez não, fosse só o destino, mas ela se sentia tão sozinha. E ele fazia tanta falta!
Ela queria melhorar! Ela também queria que as melhores lhe entendessem, apoiassem, ouvissem, dessem colo, carinho e abraços. Não podia sequer pensar que elas podiam não se importar. Frases mal formadas surgiam em sua cabeça, mas ela não conseguia pronunciá-las. Silêncio. Insuportável. Ela queria pedir ajuda, mas não sabia como. Morria de medo de não ser aceita. De não ser mais amada. Pela primeira vez não tinha a menor idéia do que fazer e precisava mais que nunca de um guia, de alguém que pegasse na sua mão e lhe mostrasse o caminho. E estivesse sempre por perto. Um apoio. Um escape. Um porto seguro.
Ela tava cansada. Tão cansada a ponto de não ter mais forças. Sua máscara já estava quase no chão. Não queria ser menos normal por isso. Tinha medo de ser a pessoa por trás da maquiagem mesmo ouvindo que era muito mais bonita assim. Já não agüentava mais se esconder atrás de seu personagem. O “ela” criado já não era mais atraente nem nada do que tinha sido no passado.
O passado parecia tão mais legal. Sonhava em achar um jeito de voltar correndo pra ele. Ela fora tão feliz! E sempre soube. Por que não podia ser assim agora? Onde foi que ela se perdeu de tal maneira? Como ela pode ser tão burra? Doía, e como doía. Pela primeira vez se sentia assim. Era feio. E por ser assim tentava manter uma imagem forte. Em vão. No fundo sabia. Porém, era a única saída que via.
Todos deviam saber, ele devia saber. Difícil imaginar sua impassibilidade, se ela não tivesse presenciado não acreditaria. Amigos... é difícil ser amigo. Sempre temeu não ser uma boa amiga. Ela se importava. Ela não queria ficar assim, não queria mais grosserias e falta de paciência e amargura. Mas não ia ficar fingindo, não ia ser algo que não era e que sabia que nunca fora. Mesmo com todas as mudanças não ia deixar de ser fiel a ela mesma. Era difícil, ela estava com medo. No entanto, sempre fora fã de desafios e com certeza estava frente de um. É... bem que ouviu por ai que o que cai do céu não tem a mesma graça. E ela tinha tanta graça, a vida tinha tanta graça, viver tem tanta graça. No fundo ela sabia. Era só uma questão de tempo até ela achar isso de novo, se achar e se descobrir. Talvez essa fosse a graça.

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