terça-feira, 16 de março de 2010

Silêncio

Ela não tinha nada contra o silêncio. Até gostava dele. Ouviu dizer por ai, através de lendas e sabedorias populares que quando duas pessoas conseguem ficar confortáveis com a ausência de barulhos, quando conseguem ficar sem pensar em mil coisas legais para falar ou outros mil assuntos legais sobre os quais uma conversa possa se desenvolver; é nesse momento que tais pessoas são amigas o bastante, o necessário, o suficiente.
Em outros tempos ela já provara de tal tipo de quietude. E ela aproveitou, curtiu, se deixou envolver e se deixou levar por tal silêncio. Era companheiro, sincero, significativo e tantos outros adjetivos que ela sabia de cor e guardava com tanto carinho e saudade.
Mas os tempos mudaram, como tudo. É a lei da vida. Sempre foi assim e sempre vai ser. E nada pode mudar isso. E ela não tinha problemas com mudança. Também meio que gostava delas. Seu maior problema e sua maior dor diziam respeito a outro fator. Era o fato de o antigo silêncio tinha se transformado num outro tipo de silencio que os afastava como nunca.
O atual silêncio era pesado, tenso, cheio de “sentimento” que era possível perceber até quando esse silêncio era quebrado por um simples “Bom dia!” que de simples não tinha absolutamente nada. O silêncio que raramente era quebrado quando era acabou se desdobrando em grosserias mais profundas.
Ela tava sofrendo. Gostava dele (muito!). Gostava (muito) das conversas e dos silêncios que eles tinham.
Agora ela andava quieta pela famosa avenida que tanto gostava e que tinha a marca dele naquele prédio. Apesar de todo o barulho de carros, ônibus, pessoas e afins ela parecia não ouvir nada. O silêncio imperava dentro dela. O mesmo que afastara ele dela. E ela, perdida, não sabia mais o que falar e tentava pensar em mil maneiras de quebrar tal quietude.

4 comentários:

teh disse...

lindo!

Kaká disse...

Adoreei!

Victor Wurthmann disse...

shoow

Tha disse...

Sua cara! Tá muito boom!
Que orgulho de vc amiga!